Quantcast
Channel: Central do Conhecimento » Reumatologia
Viewing all articles
Browse latest Browse all 6

Tratamento de osteoporose

$
0
0

De acordo com resultados do estudo Fracture Intervention Trial, publicado no Online First do BMJ, o monitoramento da densidade mineral óssea (DMO) realizado em mulheres na pós-menopausa é desnecessário e pode ser enganoso. O monitoramento é feito durante os três primeiros anos do início do tratamento com bifosfonatos potente, para tratamento de osteoporose.

Para o reumatologista, Dr. Antonio Carlos Monteiro Ribas, o dia-a-dia do reumatologista mostra que o monitoramento da densidade mineral óssea de mulheres na pós-menopausa não é desnecessário, nem enganoso. “Há muitas variáveis relacionadas com a perda de massa óssea, algumas que não podem ser mensuradas e outras que podem ser acompanhadas, como é o caso da DMO. Temos feito acompanhamento anual nas mulheres em tratamento com ou sem bifosfonatos, uma vez que em um ano, como se vê na prática, algumas mudanças podem ocorrer e demandar modificações no tratamento ou no próprio acompanhamento”.

Segundo Katy J.L. Bell, da University of Sydney, em Sidney, Austrália, uma das colaboradoras da pesquisa, as orientações para tratamento de osteoporose da pós-menopausa são divergentes em suas recomendações de monitoramento após início de bifosfonatos. O estudo consistiu num ensaio clínico aleatório e controlado comparando os efeitos do alendronato, em relação ao placebo, sobre a densidade óssea após a menopausa.

O recomendado é o monitoramento de rotina da densidade mineral óssea dentro de dois anos após início do tratamento; segundo a US National Osteoporosis Foundation e a American Association of Clinical Endocrinologists. Entretanto, os órgãos responsáveis do Reino Unido sugerem que sejam realizados mais estudos e os norte-americanos recomendam que o tratamento não seja interrompido ou alterado devido à observação de uma perda modesta na densidade.

Este estudo teve o objetivo de determinar o valor do monitoramento da resposta ao tratamento com bifosfonatos através da mensuração da DMO. Realizado entre maio de 1992 e maio de 1993 em um total de 6.459 mulheres no climatério, com baixa DMO, foram recrutadas e submetidas a mensurações das densidades do quadril e da coluna, no início do estudo e após um, dois e três anos da randomização.

O estudo é antigo, mas os resultados vieram a público recentemente. “Na verdade, como o próprio relatório da Dra. Laurie Barclay comenta, a US National Osteoporosis Foundation e a American Association of Clinical Endocrinologists recomendam que seja feito o monitoramento da densidade mineral óssea em períodos mais curtos e esses dados é que são aceitos mundialmente nos dias de hoje. Um estudo que foi feito há quase 20 anos e não foi publicado parece não merecer grandes considerações”, diz Dr. Ribas.

Os estudos mostram que a maioria dos efeitos colaterais ocorre nos primeiros três meses e que a conversa com o médico durante esse período ajuda em uma melhora significativa. “É verdade que a maior parte dos eventos adversos dos bifosfonatos ocorrem nos primeiros meses, e até nas primeiras semanas, principalmente os de ordem gastrointestinal. As consultas nesse período tendem a ser mais frequentes até para se saber se há eventos adversos. Mas há outros parâmetros que devem ser analisados, como as dosagens de Cálcio, Fósforo, Vitamina D e Paratormônio, cujos exames devem ser feitos de forma regular, independentemente do uso de bifosfonatos. Não acredito que haverá modificações acerca do como conduzir cada caso em particular de ora em diante”, afirma o reumatologista.

Para o dr. Ribas, o novo estudo não deverá trazer modificações na conduta da maior parte dos reumatologistas. “Ainda somos um país pobre em termos de saúde pública e a monitoração por densitometria já é difícil com o que temos, atualmente. Imagine, então, se necessitarmos monitorar com exames ainda mais caros do que a densitometria óssea. Minha preocupação é que o sistema de saúde utilize o trabalho para reduzir os custos com densitometria óssea nos pacientes usuários do sistema, assim como os próprios planos de saúde particulares”, analisa.

Juliet Compston, da University of Cambridge, em Cambridge, no Reino Unido, divulgou em um estudo paralelo, que os resultados bioquímicos da renovação óssea (turnover ósseo) poderiam ser potencialmente utilizados para monitorar, uma vez que se alteram rapidamente em resposta ao tratamento e predizem o risco de fratura melhor do que a densidade óssea.  “A realização de exames como o N-telopeptídeo, por exemplo, podem ser feitos, mas como são muito caros não podem ser feitos de rotina no ambulatório comum de tratamento de doenças osteometabólicas, nem mesmo nos consultórios particulares, pois não são cobertos por planos de saúde. Exames mais simples não dão uma idéia exata da dimensão de melhora com o tratamento. Por isso, fazer a densitometria óssea uma vez por ano ainda é a melhor forma de controle de melhora ou de estabilidade da doença”, explica o reumatologista.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 6

Latest Images

Trending Articles





Latest Images